segunda-feira, 25 de maio de 2009

Feliz Dia Mundial do Nerd


Esqueça o menino raquítico de óculos fundo de garrafa carregando livros de física quântica embaixo do braço: a tribo dos nerds é, atualmente, muito mais variada do que isso.

Mais variada e mais articulada também. Eles comemoram hoje, no mundo inteiro, o Dia do Orgulho Nerd e mostram que nem todos têm vergonha de serem apaixonados por assuntos como tecnologia de ponta e histórias em quadrinhos --apesar do preconceito de que são alvo, muitas vezes.

O filme "Guerra nas Estrelas", outra vedete dos nerds, é a razão da data da comemoração --foi no dia 25 de maio de 1977 que estreou o primeiro longa da saga. Desde 2006, a data foi adotada para a celebração.

O termo "nerd" não tem uma definição muito rígida. Pode ser usado para se referir a quem estuda demais, mas serve também para falar de quem é aficionado por coisas como RPG (jogos de interpretação de personagem) e computadores.

"O nerd é uma pessoa obcecada por um determinado universo", explica Maria Stela Graciane, socióloga e coordenadora do curso de pedagogia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).

Mas, se não é novidade que existem nerds, por que só recentemente eles decidiram dar as caras, com direito a dia de se orgulhar e tudo o mais? Talvez porque foi só agora que eles encontraram uns aos outros.

"Com a internet, há facilidade para se agrupar", explica Maria Stela. Assim, o fã de "O Senhor dos Anéis", que não tinha com quem dividir sua paixão pela trilogia na escola, encontra em fóruns de discussões on-line uma multidão pronta a discutir o sexo dos elfos. E percebe que não está sozinho.

No caso de Itamar Portela, 22, moderador da comunidade "Orgulho Nerd", no Orkut, a paixão "obsessiva" é por tecnologia. "Desde que conheci um Pentium 286, me apaixonei", brinca. Hoje, passa 90% do seu tempo livre na frente de um computador --e trabalha na frente de outro, projetando fiações elétricas.

Nerds como Itamar, fascinados por tecnologia, são conhecidos pelo nome de "geeks".

No caso de Jéssica Campos, 21, o termo que se usa é "otaku" --ela é fanática por cultura pop japonesa. Aos 18, apesar das críticas dos pais, fez seu primeiro "cosplay" (fantasiar-se de um personagem), em um evento voltado a fãs de mangás e animês. "As pessoas queriam ser fotografadas comigo", conta.

Dois anos depois, ela representou o Brasil no mundial de "cosplay", no Japão. Ficou em primeiro lugar. Jéssica não liga para chacotas ("Não vêm de pessoas de mente aberta", diz) e já está pronta para concorrer mais uma vez com seu arsenal de 32 fantasias, a maioria feita à mão.

Desde o berço

Outro que não liga muito para críticas é o "geek" Carlos de Moura, 15, que trabalha para a mãe de um amigo na LAN house que, inclusive, ajudou a montar. "Não consigo ser "cool", nasci tímido!", brinca.

Já Thawan Pires Costa, 21, fã de "Guerra nas Estrelas", vê as brincadeiras com menos bom humor. "Tornei-me antissocial para não ser mais alvo de chacota", diz. Mesmo assim, não esconde suas paixões e fala delas com orgulho: "Tenho uma armadura de Storm Trooper de colecionador, mas nunca tirei da caixa para ela não se desvalorizar", gaba-se.

O preconceito de que Thawan reclama é real, e a socióloga Maria Stela alerta: "Não é exclusivo dos alunos. Pode vir de pais e de professores também".

Mas nem sempre vem. "Hoje, respeitamos mais os nerds, [o rótulo] pode ser até um elogio", diz Nicolle Alanis Fernandes, 13, que não se inclui no grupo. "Admiro eles, são muito inteligentes", completa Julia Oliveira de Albuquerque, 12.

Para Vera Lucia Cruz Malato, coordenadora do departamento de orientação educacional do Colégio Bandeirantes, "os bons alunos se orgulham de ser assim". "Muitos são estudantes profissionais", brinca.


Fonte: Folhateen

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